COMO VOCÊ QUER VER A
INFLAÇÃO?
Duas abordagens sobre a inflação mostram como o brasileiro,
dependendo do que lê, escuta e vê, recebem as informações das mídias –
tradicionais e eletrônicas, incluindo as mídias sociais. Se você é leitor do
jornal O Estado de São Paulo, inclusive na edição online, terá uma visão da
realidade nacional. Caso você se satisfaça apenas com as informações da Rede
Globo, seu grau de conhecimento do Pais será outro.
Comecemos pela análise de uma matéria veiculada hoje no
Jornal Nacional.
Em meados da década de 80 do século passado, partidos de
esquerda defendiam a tese de que a Rede Globo fazia de bobo o brasileiro. Ainda
hoje, em algumas manifestações políticas e em partidas de futebol envolvendo
times fora do eixo Sul/Sudeste vêem-se placas ou faixas com os dizeres “A Globo
faz você de bobo”.
Mas, nesses 30 anos, muita coisa mudou e a Globo já não é vista sob esse prisma. A
“Vênus Platinada” – slogan fora de moda – doura a pílula ao abordar temas
diretamente relacionados ao Governo Federal. A mais nova campanha da emissora é
defender a tese de que não existe inflação no Brasil, mas aumento de alguns
itens por conta da elevação da renda do brasileiro.
Hoje, mesmo, no JN, a emissora carregou nas tintas, perdão,
não poupou palavras para dizer que “brasileiros com renda mais baixa estão
gastando mais com serviços. Nessa conta, entram gastos com salão de beleza,
escola, curso de idiomas, planos de saúde e passagens aéreas”. E diz o JN:
“famílias brasileiras, que vivem com menos de R$ 1,7 mi por mês estão mudando a
forma de gastar dinheiro”.
“E essa mudança aparece na medida da inflação. O peso da
alimentação no último índice divulgado pela FGV é de 20%. Já os chamados
serviços administrados, como energia elétrica e telefonia correspondem a 22%.
Refeições fora de casa, aluguéis, educação, lazer, por exemplo, já consomem 25%
do orçamento dessas famílias.
“Essa é a parcela da população que tem tido aumentos
salariais de maior amplitude nos últimos anos. Quanto mais você vai tendo
disponibilidade de rendimento e de acesso ao crédito pelo consumo, a tendência
é diversificar”, avalia Salomão Quadros, economista do IBRE/FGV.
Depois da visão da Rede Globo, vejamos um trecho de um texto,
da Agência Estado, pertencente ao Grupo de O Estado de São Paulo, e publicado
no domingo pelo Estado de Minas.
“Endividada, classe B reduz participação no consumo - Inflação em alta e endividamento elevado vão tirar neste ano o fôlego das compras da classe B, o estrato social mais importante no consumo das famílias do País. A participação de domicílios com renda média mensal entre R$ 3,7 mil e R$ 7,4 mil no bolo total dos gastos com produtos e serviços de R$ 2,8 trilhões projetado para este ano deve ser de 48,5%, aponta estudo da IPC Marketing, consultoria especializada em avaliar o potencial de consumo. Em 2012, essa fatia havia sido de 50%.
Além de perder participação no total de compras nos 5 mil
municípios do País, a classe B será praticamente o único estrato social que vai
ter uma expansão de gastos com compras abaixo da média da população brasileira.
O consumo total deve crescer neste ano 9,9% em relação ao de 2012. Já o da
classe B deve subir 6,6%, sem descontar a inflação.
O estudo foi feito com base em um modelo desenvolvido pela consultoria que leva em conta números dos censos e pesquisas do IBGE e fontes secundárias. O pano de fundo é a alta de 3% do PIB e inflação de 5,7%.
O estudo foi feito com base em um modelo desenvolvido pela consultoria que leva em conta números dos censos e pesquisas do IBGE e fontes secundárias. O pano de fundo é a alta de 3% do PIB e inflação de 5,7%.
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