quarta-feira, 24 de abril de 2013



A Propósito | Marcelo Alcoforado




Milnistérios
do Brasil

Você sabe quem é o ministro das Cidades? E o da Agricultura, ou o dos Transportes, ou o das Políticas para as Mulheres, ou ainda o dos Portos? Sabe quem é o ministro dos Assuntos Estratégicos ou o do Desenvolvimento Agrário?
Desculpe a insistência em fazer perguntas, mas você sabe quem são Aguinaldo Ribeiro, Antônio Andrade, César Borges, Eleonora Menicucci, Leônidas Cristino, Marcelo Nery e Pepe Vargas?

São exatamente os ministros das pastas mencionadas no primeiro parágrafo, e é provável que você jamais tenha ouvido referências à maioria deles. Acontece que o Brasil tem nada menos do que 39 ministérios, sendo superado apenas pelo Congo. Nos demais países espalhados pelo mundo, os de melhor desempenho possuem, no máximo, 22 ministros. É claro que, a par da inoperância, é exercida uma pressão a mais nas nossas combalidas finanças, já tão comprometidas com uma das maiores cargas tributárias do mundo.

Mas o que se pode fazer? – é possível que você esteja perguntando, e a resposta, infelizmente é, como se diz, curta e grossa: nada!

Contra o desejo dos que pagamos impostos e queremos um país mais racional, há a proximidade das eleições, o que torna imprescindível nomear aliados políticos, os provedores dos votos que asseguram o poder por mais quatro anos. Agora mesmo, está em gestação o Ministério das Microempresas, o que deixa margem para a criação, conforme as imposições eleitoralistas, de outros dois: o das Midiempresas e o das Macroempresas, por exemplo.

É temível, fica patente, que, crescendo o número de aliados, ministérios surgirão à farta, recomendando-se, pois, desde já, a criação de suficientes nomes para eles que, em decorrência do número exagerado, poderão ser denominados de milnistérios.


A propósito, nos anos 1950 e 1960 Millôr, sob o pseudônimo de Vão Gôgo, assinou na revista O Cruzeiro uma coluna chamada Ministério das Perguntas Cretinas.

Ora, o governo, que sempre tem resposta para tudo, mesmo quando em franca oposição ao bom senso, bem que poderia criar os milnistérios das Respostas Cretinas, dos Despautérios, dos Vitupérios, dos Deletérios...

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