sábado, 23 de março de 2013



O aviso do Ceará não foi ouvido por Pernambuco
O racionamento na RMR foi previsto há oito anos

Os cearenses não cultuam a filosofia do “achismo”. Eles opinam em cima de dados científicos. Não improvisam soluções. Calculam décadas à frente. Na realidade, a transposição, idéia defendida à época de Dom Pedro II, começou se tornar cristalina com o Eixão, um conjunto de obras composto por uma estação de bombeamento, canais, adutoras, sifões e túnel que realiza a transposição das águas do Açude Castanhão, por 255 quilômetros, até a Grande Fortaleza.

Cientes das previsões cearenses, mostrávamos, no Blog Madrugador, em 15 dezembro de 2007, o alerta do secretário de Recursos Hídricos do Ceará, Edinardo Rodrigues, sobre carência de água no Nordeste em torno de 2010. A previsão do secretário foi divulgada pelo jornalista Jamildo Melo, do Jornal do Commercio, do Recife, no dia 27 de maio de 2005.

A escassez de água não se limitaria ao semi-árido. Ela chegaria à Zona da Mata de Pernambuco e afetaria o abastecimento da Região Metropolitana do Recife, como ocorre agora, com a Compesa adotando racionamento em razão do baixo nível das represas que abastecem o Grande Recife.

A ENTREVISTA
O secretário de Recursos Hídricos do Estado do Ceará, Edinardo Rodrigues, afirmou ao JC que o seu estado é um exemplo para o Governo Federal. "Com o Canal da Integração, que interliga as bacias do Estado e atende 65% da população com risco de seca, o Ceará está resolvendo o seu problema. Porque a União não resolve ?", questiona. "No nosso caso, temos sorte. Além de decisão política, também temos continuidade administrativa dos governos", explica. Na sua opinião, a transposição é uma obra fundamental não apenas para os estados receptores das águas.

"Em cinco anos, haverá um grande stress hídrico, com o crescimento populacional do Nordeste. Por isto a água é tão fundamental. Um dia o Recife ainda vai precisar das águas do São Francisco", diz.

No caso do Ceará, a questão é estratégica. "Temos que jogar desenvolvimento para dentro do Estado (no interior) e a água é fundamental para isto". Lá, a maior obra neste sentido é a construção do Canal da Integração, uma obra de R$ 1 bilhão que vai levar a água do Açude Castanhão (já concluído e que pode ser beneficiado com as águas da transposição) para até 11 municípios. "A obra vai garantir a Região Metropolitana de Fortaleza por 30 anos, além do distrito industrial do Pecém", explica o secretário.
Enquanto a Transposição depende do humor da Presidência, o Ceará inaugurou, no dia 3 de outubro do ano passado, o trecho IV do Eixão das Águas na Região Metropolitana de Fortaleza. O trecho deve beneficiar com distribuição de água a população dos municípios de Cascavel, Pacajus, Horizonte, Itaitinga e Pacatuba.

Enquanto isso...

Nenhum comentário: