CONDE DA BOA VISTA CAUSA PREJUÍZO

Por Nathalia Andrade

“O movimento da minha loja diminuiu quase 80%”. O desabafo é da proprietária de uma revistaria na Avenida Conde da Boa Vista, Tatiana Freitas. A comerciante sofre as conseqüências das obras num dos principais corredores do Recife. Mudanças que dividem opiniões e causam transtornos para a população.

Em março deste ano, a Prefeitura do Recife, numa parceria entre a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e a Companhia de Trânsito e Transporte Urbano do Recife (CTTU), concluiu a reforma na Avenida Conde da Boa Vista. O chamado corredor Leste-Oeste, que custou aos cofres públicos R$ 14,7 milhões, atende cerca da metade da população recifense.
O resultado da obra, que liga a Zona Oeste ao Centro do Recife, causa polêmica e desagrada a maioria da população. Segundo uma pesquisa do DiarioData Associados, publicada na edição de 7 de setembro, 42% da população considerou que a reforma não melhorou o transporte coletivo da cidade. Enquanto que 35% concorda com as alterações feitas no corredor.

“Com apenas uma via para carros fica mais complicado o acesso à loja”, explicou Tatiana Freitas. Para a comerciante, a única alternativa é baixar os preços dos produtos para atrair os clientes. “Agora tenho que diminuir meu lucro para tentar trazer de volta a clientela.”

O engenheiro Flávio Andrada, especialista em engenharia de transporte e professor da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) acredita que nenhuma reforma pode agradar a todos. No entanto, ressalta que as conseqüências da reforma são graves. “Retiraram os táxis, diminuíram a frota de ônibus e dos carros de passeio no corredor, mas esses veículos não pararam de circular, a tendência é que outras vias sejam prejudicadas.”

Em comparação com a reforma da Avenida Caxangá, o engenheiro afirmou que essa tem a vantagem de ser mais larga, com isso foi possível deixar mais espaço para veículos menores, o que evitou o aumento exagerado de tráfego nas ruas próximas.

Futuro Caótico

Quando o assunto é como será o trânsito na região metropolitana do Recife daqui a 10 anos, a previsão do engenheiro é preocupante, “Se não investir na infra-estrutura urbana, o trânsito vai se tornar caótico”. No entanto, Andrada é cauteloso quanto a possíveis erros no projeto no corredor Leste-Oeste. “Os responsáveis fizeram cálculos e simulações e, além disso, em engenharia não existe ‘achismo’, ou está certo, ou errado.”

Para Maria Oliveira, 52 anos, que acompanhava uma senhora com problemas para se locomover, a reforma na Conde da Boa Vista tornou a tarefa de tomar uma condução mais difícil. “Essa parada é muito estreita, é difícil para pegar o ônibus e se eu perder um, tenho que andar bem mais até a próxima.”