
José Torres, colaborador deste blog e editor do Blog do Cazuza, acordou cedo com o Galo. Saiu antes das oito da praia de Piedade e foi ver o Galo no Centro do Recife. Suas observações estão no texto MAIS CARNAVAL, enviado, ontem, domingo, às 9h38.
MAIS CARNAVAL
Não sou um folião desses de carteirinha, porém, gosto de ver o que acontece no chamado período de momo. Sempre vou ao Recife antigo, ao Galo da Madrugada, ao Encontro dos Blocos, vez ou outra o desfile das escolas de samba na av. Dantas Barreto aqui no Recife e por aí vai. Por isso, na chamada abertura oficial do carnaval na sexta-feira, estava no Recife Antigo para me deleitar com Naná Vasconcelos comandando mais de 500 batuqueiros dos diversos maracatus de Pernambuco. Na programação estavam incluídas as cantoras Elza Soares e Marisa Montes. A primeira, na minha ótica, foi um fiasco. O público ficou estático, sem animação. A excelente cantora diga-se de passagem, teve hora que deu a impressão de ter desafinado. A multidão que ali se concentrava só acordou quando os blocos subiram ao palco e os corais entoaram suas lindas canções de frevos de bloco. O maestro Ademir Araújo, um dos homenageados do carnaval deste ano, também conseguiu levantar a poeira com uma orquestra em que tinha mais de 60 músicos tocando rasgados frevos, com arranjos pra lá de moderno. Quando começou a apresentação de Marisa Montes, mudei de praia e percorri as ruas do Recife Antigo para ver se conseguia ver alguma coisa que realmente lembrasse o verdadeiro carnaval do Recife. Quem procura acha. As troças carnavalescas "Trepei na Folia", Bloco da Visão, e outras cujos nomes não guardei na memória, salvaram a minha noite de folia. Também encontrei,já de fogo morto, a troça "Línguas Ferinas" do Sindicato dos Jornalistas do Estado de pernambuco. Consegui ver a exuberância das diversas tribos estilizadas dos caboclinhos. É bom lembrar a excelente apresentação de Lia de Itamaracá, linda na sua negritude e com aquele vozeirão que Deus lhe deu. Aí o cansaço tomou conta das minhas frágeis pernas e retornei ao lar, pois no dia seguinte tinha a maratona do Galo da Madrugada, fato que enfrentei chegando na concentração por volta das nove da matina. Como faço todos os anos, fiquei postado ao longo da Av. Sul para ver a saída do mais famoso e maior bloco do mundo, segundo o livro dos recordes. A réplica da Praça Sérgio Loreto em um dos carros alegóricos, ficou perfeita, sem retoques. Os trios elétricos desfilavam com seus carros de apoio executando músicas que eu não entendia muito bem, principalmente Marrom Brasileiro. O Galo surgiu imponente com a marchinha de Chiquinha Gonzaga, Ô Abre Alas". Não entendi. Por que não uma composição genuinamente pernambucana? Por que não o hino oficial do carnaval do Recife, Evoé? Alguém poderia me responder? Do início do desfile na Av. Sul para contornar pela Rua Imperial afim de alcançar a Rua da Concórdia, não vi as chamadas estrelas, como Alceu Valença, abrir a boca, com excessão de Geraldinho Lins. Para mim, uma surpresa agradável, pois só o conhecia como intérprete de músicas de forró. Conseguiu levantar o povão e interagir com os que estavam postados ao longo do trajeto do desfile. Passava do meio-dia com os trios desfilando com um grande hiato entre um e outro. Também não entendi isso, apesar de ouvir na manhã de domingo por uma emissora de radio, a explicação da quebra de um dos veículos o que teria causado esse intervalo. Aí começou a minha longa caminhada de retorno ao local onde estacionara o carro, na Rua da Conceição. Passei pela Praça Sérgio Loreto e ainda tinha trio elétrico saindo da concentração do Galo; alcancei a Rua Vidal de Negreiros e adentrei na avenida Dantas Barreto no lado direito, sentido subúrbio-cidade, até chegar à Rua Nova. O meu objetivo era cruzar esta rua com a Concórdia e alcançar a Ponte Conde da Bosta Vista e posteriormente Rua da Imperatriz. Objetivo alcançado a duras penas, com familiares enlaçados uns aos outros como se fosse uma corrente humana. A massa se comprimia. Uns frevando, outros indo e mais alguns, como nós, voltando. Uma verdadeira loucura e finalmente o intento conseguido somente por volta das 14 horas no estacionamento da Rua da Conceição. Nota dez para o policiamento, apesar de não ter sido feita uma triagem, ou seja a chamada "revista" individual nas áreas de acesso ao desfile monumental do Galo da Madrugada.Pelo menos, eu e meus familiares, não fomos revistados. Entre mortos e feridos, escapamos todos nós. Evoé, ainda temos mais três dias de carnaval. Haja fôlego.
José Torres - Praia da Piedade, Grande Recife-PE
A idéia era utilizar as capas dos jornais recifenses. Mas, a página do domingo do Jornal do Commercio, na hora de postarmos esse texto, não estava disponível.
Como a Folha de Pernambuco não circula nos dias de carnaval, só tivemos condições de colocar no Blog Madrugador a primeira página do Diario de Pernambuco, ilustrada por uma excelente foto da repórter Teresa Maia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário