sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

SEM ALARDE, GAÚCHOS DÃO OUTRA CARA AO SERTÃO



Os gaúchos, com suas tradições, levam para onde vão modos e costumes dos pampas: bomba de chimarrão; vestido de prenda; bombacha; chiripá; pilcha; poncho; tradicional churrasco; a bandeira do Rio Grande e as cores do Internacional e do Grêmio.

Seja numa terra fria como as serras gaúchas, seja nos cerrados ou até nos sertões nordestinos, os filhos e as filhas do Rio Grande arregaçam as mangas, pegam no arado, tangem o boi, preparam os campos.

No sertão pernambucano do São Francisco, os gaúchos chegaram em companhia de Franco Pérsico. Eles tinham a técnica do plantio de uva, o conhecimento na produção do vinho. Os pioneiros da vitivinicultura em Santa Maria da Boa Vista, município do qual Lagoa Grande era distrito, começaram o trabalho estranhando o calor, a aridez da caatinga, o modo de vida do sertanejo são-franciscano.

Tudo começou a partir de uma parceria com a Maison Forestier, pois Franco Pérsico já produzia uva na Fazenda Milano, uma cultura introduzida pela Cinzano na década de 60 no Vale do São Francisco e prosseguida pelo espanhol Molina, ao cultivar melão e uva de mesa em Santa Maria da Boa Vista, às margens do Velho Chico.

Para produzir vinho, seu Franco trouxe do Rio Grande do Sul o casal Isanette Bianchetti e Inaldo Tedesco. Isanette veio trabalhar em Pernambuco pela Fazenda Milano. Seu marido, pela Maison Forestier.

Outro gaúcho trocava os pampas pela caatinga. Era Jorge Garziera, técnico da Milano que, segundo José Gualberto de Freitas Almeida, atual diretor da Vinícola do Vale do São Francisco, produzia uva de mesa e, depois, se encarregou da produção de uva para vinho.

Aos poucos, eles foram se adaptando, jamais esquecendo suas tradições, seu modo de vida, seus trajes, seu chimarrão, seus times de futebol. No começo, a caminhada foi difícil. O comércio das cidades da região, inclusive de Petrolina, era limitado. Os gaúchos tinham dificuldades de adquirir produtos comuns no Rio Grande do Sul.

Mas, com o crescimento do submédio São Francisco, a situação começou a mudar. Hoje, é fácil encontrar os ingredientes e a bomba do chimarrão. O churrasco gaúcho tem o jeito nordestino mas o sabor do Rio Grande do Sul. Até um Centro de Tradições Gaúchas foi instalado em Petrolina.

Jorge Garziera, como um bom gaúcho, enveredou pela política. Foi prefeito de Lagoa Grande, distrito emancipado de Santa Maria da Boa Vista. Ele quer ir além de ser produtor de uva e vinho. Instalará, até o final do próximo ano, em sua fazenda Garibaldina, um complexo enoturístico e gastronômico. As experiências começaram. Na foto, ele (de camisa de listras horizontais) explica ao grupo de turistas a poda da videira.



Foto: Gilson Pereira

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