quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

O NORDESTE É UMA RESERVA DE MERCADO


No texto postado ontem sobre a necessidade de Pernambuco aproximar a capital do Interior, voltei a abordar a questão da força das TVs do Sudeste nas regiões menos desenvolvidas, como o Nordeste e o Norte.

A maneira insistente de abordar o assunto deve passar a idéia de xenofobia, levada às últimas conseqüências por um defensor intransigente da cultura nordestina. Não posso negar essa “paixão” pelo Nordeste, por meu Estado.

Mas, por incrível que pareça, a penetração desmedida, a luta pela pasteurização da cultura nacional, levando a reboque as manifestações culturais dos outros estados, encontra reações em São Paulo, onde o diretor de marketing do São Paulo Futebol Clube, Júlio Casares, ao ser instigado pelo Blog do Boleiro, fez uma comparação entre a influência das emissoras de rádio, nas décadas passadas, e as programações atuais das televisões sobre as populações das outras regiões.

Blog do Boleiro – A TV exerce esta influência como as rádios Nacional, Tupi e Globo do Rio exerciam nas décadas anteriores?

Casares – Exerce. Dou um exemplo. No Campeonato Brasileiro, num domingo, São Paulo e Vasco se enfrentaram num jogo valendo título. O que as TVs exibiram para o norte e nordeste? Flamengo x Internacional. Faço até um apelo às redes para que mostrem jogos do São Paulo para outros estados. Existe público para isso.

Tudo bem que Casares não está defendendo a cultura, o modo de vida, as tradições do Norte e do Nordeste. Ele se preocupa com a possibilidade de o São Paulo deixar de ter mais torcedores nessas regiões por conta do apoio claro e indiscutível da TV Globo ao Flamengo.

Em economia, isso é “reserva de mercado”, ou seja, um projeto destinado a conquistar consumidores numa área com grande potencial, mas ainda não totalmente explorada.

Moral da história: o Nordeste e o Norte estão no mato sem cachorro.

Nenhum comentário: