segunda-feira, 5 de novembro de 2007

UMBU E JUÁ SERVEM PARA QUE?

Sociólogos, demógrafos, geógrafos, economistas, ecologistas, ambientalistas e todos os interessados na questão do semi-árido nordestino mostram, há anos, a degradação da caatinga.

Soluções não faltam, propostas proliferam, discussões prosseguem, preconceitos assumem proporções inacreditáveis e ações quase não existem. Resultado: os sertões nordestinos definham, os sertanejos migram para as áreas urbanas, as cidades incham, a água falta, a pobreza aumenta.

Solução paliativa: levar a aposentadoria e a bolsa-família aos habitantes dos grotões, definição dos sudestinos e sulistas das regiões mais atrasadas do País. E aí o semi-árido nordestino é o grotão maior, a célula-mater da pobreza.

Alguns são mais radicais. Cheguei a conhecer alguns desses “cientistas”, formados em universidades americanas e européias e encastelados em organizações governamentais. Para eles, o melhor é cercar o Nordeste de Minas para cima. Eles não falavam e nem falam em paliçada, porque na atualidade “construir muro” é especialidade de norte-americano, com know-how exportado para outros países, ou melhor, para seus satélites no mundo.

Essa história está ficando comprida. Tem muito papo e pouca ação para uma região, rachada ao sol tropical, submetida a governos populistas, que mudam de cor, mas usam os mesmos métodos, e manipulada por muitos.
Não tenho certeza, mas pelas observações ao longo dos anos como jornalista, eu nunca vi nem ouvi falar em cultivo racional de árvores do próprio sertão. Se elas estão lá é porque fazem parte do meio ambiente. Não foram importadas, como a algaroba, para alimentar o gado, e o fícus benjamim, plantado na maior parte das cidades sertanejas.

Do fruto do umbuzeiro nem se precisa falar. A umbuzada é um manjar dos céus. Mas nas capitais nordestinas, pouca gente o conhece. Para muitos é fruta braba (nordestino não diz brava), mesmo sendo nome de município na Paraíba.

E o juazeiro? Para ser sincero, uma árvore que dá nome a duas cidades – Juazeiro do Norte (CE) e Juazeiro (BA) – só pode ter grande significado para o semi-árido nordestino. E para que serve o juá?

Para muita coisa. O juazeiro tem várias propriedades medicinais. Possui, entre seus componentes químicos, vitamina C, cafeína, ácido betulínico, que, junto com outros ácidos, “tem potencial de uso no tratamento HIV, tumores, malária e processos inflamatórios”.

A força do juá vai além. Vocês já prestaram atenção nos cremes dentais? Eles estampam, em suas embalagens coloridas, a ação do juá na limpeza dos dentes. Certamente, muitos nem imaginam que o juá é o fruto do juazeiro, considerada a “árvore do sertão”.

E daí, para que essa conversa toda? É para externar o espanto pela falta de iniciativa, pública e governamental, no fomento do plantio racional do umbuzeiro e do juazeiro. Nem a música do mestre Lua conseguiu motivar empresários e políticos.


JUAZEIRO
Luís Gonzaga


Tô cansado de sofrer/Juazeiro, meu destino/Tá ligado junto ao teu,/No teu tronco tem dois nomes,/Ele mesmo é que ecreveu/Ai, juazeiro/Eu num güento mais roer,/Ai, juazeiro/Eu prefiro inté morrer./Ai, juazeiro...

Um comentário:

Anônimo disse...

Boa Tarde eu gostaria de saber se Juá é bom para ucera varicosa.