Se no Nordeste houvesse inverno com tudo que ele tem direito – neve, perda das folhas, estradas interrompidas e até paralisação de atividades econômicas e escolares -, a região seria igualmente pobre. Não mudaria nada por falta de iniciativa dos poderes públicos e pela submissão ao quadro de miséria pela maior parte da população.
É o que se vê agora em vários estados, a exemplo de Pernambuco e da Paraíba: um terço dos municípios pernambucanos decretou situação de emergência por conta da estiagem. A maioria no Araripe, onde chega, homeopaticamente, a água do São Francisco, através da Adutora do Oeste.
Na Paraíba, o quadro é mais grave, denuncia o engenheiro militar, coronel João Ferreira Filho, assessor da Secretaria de Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca: “Cerca de 74% do território paraibano está em processo avançado de desertificação. A situação mais crítica encontra-se nas regiões do Cariri, Curimataú, Seridó e parte do Sertão, até as proximidades de Patos e Pombal. Sinais da semi-aridez já podem ser percebidos a apenas 70 quilômetros da costa”.
O militar entra de peito aberto na luta, ao revelar as conseqüências da seca junto à população: “No interior, crianças com apenas 14 anos de idade estão com problemas de pressão alta e cálculo renal devido ao alto índice de cloreto de sódio na água, conseqüência da evaporação. Enquanto isso, gados passam sede em frente a mananciais cheios, mas com grande concentração de magnésio”.
Diante desse quadro dantesco, surge a pergunta: a transposição do São Francisco encontrará obras prontas para levar água aos lugarejos, aos povoados e aos distritos? Ou ela será entregue aos açudes, de onde os caminhões-pipas vão captá-la para entregá-la nas casas?
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
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