quarta-feira, 31 de outubro de 2007

SANEAMENTO DE CARUARU É CONVERSA SEM FIM

Muitos projetos pernambucanos, anunciados aos quatro ventos, lembram a cantiga da perua, conversa sem fim que não leva a nada. É a versão da estória que entrou por uma perna de pinto e saiu por uma de pato. A Transnordestina puxa a lista, a navegação comercial no trecho do Capibaribe na capital pernambucana não passa de uma cantiga da perua.

Outra estória sem fim é a do saneamento de Caruaru. Rola há vários anos e as águas usadas e poluídas rolam para o Ipojuca, líder na poluição, ao superar inclusive a do Capibaribe. Entra e sai governador. Muda prefeito. E nada. O Ipojuca é uma cloaca a céu aberto.

Para se ter uma idéia dessa lengalenga, sem querer retroagir muito no tempo, uma notícia, publicada no dia 30 de maio de 2001, me chamou a atenção: “Dois meses após a assinatura, no Recife, do Projeto Alvorada, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, apenas três municípios entregaram, à Secretaria Estadual de Saúde, os projetos relativos a obras de saneamento básico. Das 152 cidades incluídas no programa, apenas 16 são dispensadas da apresentação porque a Companhia Pernambucana de Saneamento (Compesa) se encarregou de projetar os trabalhos.”

Pasmem, a cantiga continua nos nossos ouvidos: “As três cidades que já remeteram seus projetos de saneamento foram Caruaru, que terá investimento de R$ 15 milhões, Palmares (R$ 1 milhão) e Cumaru (R$ 400 mil). As que contam com projeto da Compesa são Aliança, Bonito, Toritama, Santa Cruz do Capibaribe, Trindade, São Bento do Una, Surubim, Bom Conselho, Ipojuca, Ipubi, Passira, Ouricuri, Goiana, Pombos, Vitória e Gravatá. Esses projetos somados às das outras três cidades que já concluíram o planejamento somam R$ 104 milhões dos R$ 180 milhões a serem gastos. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, dos municípios 133 que ainda não apresentaram projeto, somente 25 iniciaram a elaboração”.

Nos últimos meses, Caruaru voltou aos meios de comunicação. A água está em todas as torneiras. E a usada vai para onde? Para onde poderia ser: o Ipojuca. Ter água e não trata-la assemelha-se à estória do gato com o rabo de fora.

Para Caruaru sair bem na fotografia, surgem novas notícias sobre o saneamento. Agora tem até técnico do exterior. Esteve ontem em Caruaru uma equipe de especialistas alemães em meio ambiente da cidade de Hof, na Baviera. A equipe, chefiada pelo coordenador internacional da BFZ – uma entidade empresarial voltada para a formação profissional e questões ambientais.

Não estiveram fazendo turismo na Capital do Agreste. Eles foram ver e, devem ter tomado um susto, o que se faz com os resíduos líquidos e sólidos em Caruaru.

Certamente, ninguém colocou um CD com a música A Cantiga da Perua, de autoria de Jackson do Pandeiro e Elias Soares. Se os alemães ouvissem e tivessem acesso à tradução, eles entenderiam que a canção tem alguma coisa a ver com as obras de saneamento de Caruaru.

Internauta, compare também.

Cantiga Da Perua

Jackson do Pandeiro/Elias Soares


É de pior a pior/É de pior a pior/A cantiga da perua é uma só/Andam dizendo/Que o progresso vai chegar/Que a coisa vai melhorar/Quando o homem for pra lua/Mas a verdade crua/Que a situação da vida/Ta ficando parecida/A cantiga da perua/É de pior a pior/É de pior a pior/A cantiga da perua é uma só/De tudo isso/O que mais me inquizila/É o sujeito entrá na fila/Pra comprá o que não tem/Vai chegar tempo/Que a nossa rapaziada/Pra falar com a namorada/Entra na fila também

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