PERNAMBUCO TORCE POR TIMES DO RJ E SP

Os torcedores recifenses do Náutico, Santa Cruz e Sport denominam de “paraiocas” ou “paraibacas” os aficionados dos times do Rio e São Paulo que vêem ao Recife para torcer pelas suas equipes do Sudeste. Está todo mundo enganado. É só fazer uma pesquisa em dia de jogo, no Recife, com um clube carioca ou paulista. Esses torcedores não vêm apenas de Alagoas ou da Paraíba. Eles estão aqui mesmo em Pernambuco. E se não houver uma pesquisa oficial, alguém poderia se postar, amanhã, junto à entrada da torcida corintiana nos Aflitos para corroborar o que estou afirmando.

Comecei a constatar a carioquização e a paulistização dos torcedores pernambucanos ao circular pelo Interior do Estado e acompanhar, à noite ou em finais de semana, as transmissões esportivas das redes de televisão sediadas no Rio e em São Paulo. Só mostram jogos do Corinthians, Palmeiras, Santos e São Paulo e partidas do Botafogo, Flamengo, Fluminense e Vasco.

Levados pelas paranóicas parabólicas, os times paulistas e cariocas dominam as mentes e os corações de habitantes de alguns municípios da Zona da Mata e de praticamente todas as cidades do Agreste e do Sertão pernambucanos. Como o projeto do ex-governador Nilo Coelho, de levar, no final dos anos 60, os sinais das tevês do Recife para o Interior, foi barrado à época pelo Governo Médici, os pernambucanos do Interior sabem pouco do que acontece na capital.

Resultado: como há mais de 30 anos os moradores dessas regiões são bombardeados por louvações dos clubes do Rio e de São Paulo, existem torcidas organizadas dos times do Sudeste em praticamente todas as cidades. Lembro-me que estava na pernambucana Triunfo numa noite de um jogo entre Palmeiras e Flamengo. Antes de começar a partida, os gritos de guerra ecoavam pelas ruas e subiam pelas ladeiras dessa cidade do Sertão do Pajeú.

A cada gol, gritos. E no final da partida, o Flamengo venceu. Festa nas margens do açude, situado no centro da cidade. Fiquei impressionado com a paixão dos triunfenses pelos times do Rio e de São Paulo.

No dia seguinte, ao conversar com Alan, responsável à época pela portaria do Otellin Triumph, sobre o entusiasmo dos torcedores, principalmente os do Flamengo, ele não achou anormal o comportamento, pois ele e a maioria de seus familiares torciam pelo Flamengo. Times do Recife, ele nem sabia direito os nomes.

Desse jeito, os times de Pernambuco vão jogar sempre na defesa. E quem não faz gol,...