O Nordeste salva o Sudeste e o Sul de um apagão. Nada de enviar lampião para abrir fogo e clarear as noites. O lampião da história não é Virgulino Ferreira da Silva, o rei do cangaço.
Em lugar da lamparina, mandamos energia elétrica, isso mesmo. Sabe o porquê? A Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) recorreu às reservas hídricas de Sobradinho para gerar energia e enviá-la ao Sudeste e ao Sul. Resultado: um dos maiores lagos artificiais do Mundo está com menos da metade do seu volume. Veja no texto postado por Ramos Filho, de Juazeiro (BA).
“A Companhia Hidroelétrica do São Francisco (CHESF), mais uma vez dá provas do seu desrespeito às comunidades ribeirinhas, na gestão do reservatório de Sobradinho.
Todos nós fomos testemunhas dos problemas ocasionados pela cheia do rio no inicio do ano. As fortes chuvas no estado de Minas Gerais e a concentração pluviométrica nos municípios da nossa região provocaram alagamentos e conseqüentemente prejuízos às margens do Velho Chico, entre os meses de janeiro e março.
A vazão do lago chegou a 6.000 metros cúbicos por segundo, destruindo plantações, inviabilizando o turismo na ilhas e o que é mais grave, inundando casas, o que deixou um saldo de centenas de desabrigados. Aqui em Juazeiro foi “um Deus nos acuda”, pois as águas do rio ameaçavam invadir a cidade pela barragem de São Geraldo.
À época, a CHESF anunciou que não podia se responsabilizar pelos danos, pois trabalha com uma cota limite de até 8.000 mil metros cúbicos por segundo. A empresa também informou que o nível do reservatório alcançou 100 por cento de sua capacidade de armazenamento em abril, o que afastava o risco de racionamento de energia elétrica ou de apagão, por dois anos.
Contudo, a noticia que nos surpreende agora, dá conta de que apenas seis meses depois de atingir sua cota máxima, o lago de Sobradinho perdeu 62 por cento de sua capacidade. Estamos chegando ao período mais crítico da seca, o reservatório continua perdendo água e o seu nível de apenas 38 por cento no momento, já preocupa aos barranqueiros.
A CHESF justifica que precisou liberar mais água do que o previsto, para gerar um volume maior de energia nas usinas do seu sistema, a fim de suprir as necessidades das regiões Sul e Sudeste, atendendo determinações da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A empresa explica que a manobra foi necessária para impedir um apagão no Centro-Sul do país, área de maior consumo e que sofre com a falta de chuvas e baixa dos seus reservatórios desde junho.
A CHESF cobriu um santo e descobriu o outro. Nós nordestinos é que partir de então passamos a correr o risco de apagões, caso não chova o suficiente ao longo da bacia do São Francisco, a partir de novembro.
Pelo visto, a corda mais uma vez pode arrebentar para o nosso lado.”
sábado, 20 de outubro de 2007
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