CASUÍSMO LEMBRA NAZISMO
Estou no jornalismo desde 1966, ainda como estudante na
Universidade Católica de Pernambuco. Como editor do Interior do Diário de
Pernambuco, passei pelo desprazer de ter matérias vetadas por um estudante de
Medicina, vizinho de apartamento num prédio no bairro da Torre, no Recife. Ele
chegava na hora de fechamento da Primeira Página para vetar matérias.
Vi, anos depois, já no Curso de Economia da Universidade
Federal de Pernambuco, um aluno como dublê de integrante das chamadas “forças
de segurança” tomando um susto ao se deparar comigo na redação do Diário de
Pernambuco. Depois disso, nunca mais foi visto nas aulas de Economia. Deixou de
ir à redação do Diário.
Ao ler hoje, logo cedo, o contundente comentário de Josué
Nogueira, no Diario de Pernambuco, o “casuísmo” voltou a povoar minhas
lembranças. O colunista analisa as articulações do PT para inibir a criação ou
junção de partidos de apoio aos candidatos oposicionistas nas eleições
presidenciais.
Separei dois trechos da coluna para sedimentar a preocupação
de quem viveu em época de ditadura.
“A questão torna-se
mais acintosa porque o partido – leia-se governo federal – é um dos
protagonistas da manobra que rasga a regra eleitoral vigente ao impedir que
novas legendas tenham direito ao tempo de TV e ao fundo partidário...Na
madrugada da quinta-feira, um discurso do deputado Raul Henry (PMDB-PE) no
plenário jogou luz sobre o casuísmo e deu o tom de indignação de parte da
Câmara. Ele disse jamais ter visto violência tão grande contra os valores
democráticos, “violência que procura exterminar o adversário”.
E, após ter ouvido de
um deputado do PT que na democracia o que vale é a força da maioria contra a
minoria, foi certeiro nos argumentos para rebater o desvario. “Se esse conceito
fosse verdadeiro, seriam consideradas democracias dois regimes que vivem no
lixo e na sarjeta da História: o fascismo de Mussolini e o nazismo de Hitler,
em que a maioria se sobrepunha à minoria”.
Josué conclui com duas palavras, “Sem mais’, as quais
traduzem um sentimento expresso por George Orwell na obra “1984”. Seu
personagem Winston vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade
completamente dominada pelo Estado...De fato, a ideologia do Partido dominante
em Oceânia não visa nada de coisa alguma para ninguém, no presente ou no
futuro. O'Brien, hierarca do Partido, é quem explica a Winston que "só nos
interessa o poder em si. Nem riqueza, nem luxo, nem vida longa, nem felicidade:
só o poder pelo poder, poder puro".
O’Brien certamente não conhecia o mensalão.
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