domingo, 25 de janeiro de 2009

CENTRO-OESTE MADRUGADOR (LXII)

COMIDA DE RUA

Risco nas esquinas


Estima-se que cerca de dois mil vendedores ambulantes comercializam alimentos perecíveis como churrasco, cachorro-quente, pastel, sucos, pipocas e outros inúmeros salgados nas ruas do centro e dos bairros de Cuiabá. De olho na qualidade destes alimentos, a Vigilância Sanitária de Cuiabá (Visa) promete intensificar a fiscalização em cima da atividade. Para isso, uma equipe, formada por seis a oito fiscais, será designada especialmente para inspecionar a venda nas ruas da cidade. “A inspeção é de rotina, mas o fiscal também vistoria outros locais como restaurantes, lanchonetes, farmácias e hospitais.

Conforme Alcino Ferreira, a maioria dos ambulantes não possui alvará sanitário para a venda de comida ou bebida. Por isso, o foco da fiscalização é verificar a higiene sanitária dos produtos. E o que a Visa tem encontrado são condições inadequadas de manipulação e acondicionamento. “A própria manipulação ao ar livre é inadequada, pois o local precisa ser fechado. Além disso, não tem pia, água corrente. Tudo isso é inadequado”, explica. “Ao ser manipulado ao livre, o alimento sofre influência de fatores externos como poeira e fumaça”, acrescentou. Outro fator preocupante é que a maioria dos ambulantes não tem a carteira sanitária, que é obrigatória. Alcino Ferreira garante que o documento tem sido exigido, mas argumenta que a fiscalização enfrenta dificuldades devido ao fato dos vendedores estarem sempre mudando de ponto de venda. “Os ambulantes são muito rotativos. A gente notifica e dá prazo de 10 dias, quando o fiscal retorna o ambulante já mudou de lugar. Quando o ponto é fixo é mais fácil”, afirmou. Para tirar a carteira, o ambulante realiza vários exames como de pele, sangue e fezes. Mas há vários outros agravantes. Em muitos casos, o acondicionamento dos alimentos é feito em isopor sem o devido asseio, sacolas plásticas, de papel ou vitrines inapropriados, além de não atender os critérios mínimos de temperatura e até mesmo quanto ao aspecto do vendedor, que além de não usar luvas e uniforme, é o mesmo a receber o dinheiro - que acumula microorganismos - e a manusear o alimento. “Tudo isso são situações que enfrentamos com o vendedor ambulante de alimentos. Mas vamos fazer um acompanhamento com ais freqüência para amenizar porque a pessoa que não se adequar não vai poder voltar”, afirmou.

[FIQUE ATENTO - Verifique a higiene do local onde é armazenado o alimento e as condições dos equipamentos e utensílios. Observe também se o vendedor está com as mãos limpas, uniforme, luva e protegendo o cabelo com um gorro.].


Notícia Publicada no jornal “Diário de Cuiabá”
Link: http://www.diariodecuiaba.com.br/



PRISÕES

Superlotação é só um dos problemas


Racionamento de água, péssimas condições sanitárias e comida de má qualidade transformam cadeias mato-grossenses em barris de pólvora

Nesta última semana, os poderes Executivo e Judiciário de Mato Grosso se apressaram na composição de uma engrenagem urgente, a fim de resolver um problema antigo. Uma força-tarefa foi acertada para minimizar a superlotação na Penitenciária Central do Estado (PCE), a unidade prisional mais populosa de Mato Grosso. Projetada para abrigar 537 presos, ela amontoa 1.469. Números aterradores, que agora saltam aos olhos das autoridades, mas cuja realidade somente os próprios presidiários ajudam a interpretar por meio de seus familiares.
Os depoimentos dos visitantes, que prezam pelo anonimato, apontam para o caos e para a falta de itens essenciais para a população carcerária, produtos da estrutura precária do sobrecarregado sistema penitenciário. As reclamações abrangem desde a comida servida - que provocaria diarréias nos reeducandos - à ferrugem presente na água dita potável do antigo presídio do Pascoal Ramos. “Micose é o que tem lá”, destaca Mara (nome fictício), de 39 anos. Isso é o que relata seu marido, de 35 anos, cuja pena por assalto a mão armada está vencida desde 2007. Enquanto não sai o seu alvará de soltura, este é um dos principais problemas que ele enfrenta dentro de um cubículo de 5 metros por 4, onde 34 pessoas dormem atravessadas umas em cima das outras (a cela deveria ser habitada por 8 detentos). Ele reclama de calor e irritações na pele, segundo Mara, e tem de ser rápido para aliviar o incômodo. Para toda a população no presídio, a água está disponível apenas três vezes por dia, pingando por apenas cinco minutos. E sabonete é tão raro quanto. Mara conta que, de cinco em cinco meses, apenas duas barras são oferecidas para cada preso. Em nenhum momento a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) deixa de admitir a situação calamitosa no antigo Pascoal Ramos. Segundo o superintendente de Gestão Penitenciária, o major da Polícia Militar (PM) Airton Siqueira, a superlotação é um fenômeno que acomete o sistema penitenciário de todo o país. E em Mato Grosso, como no país afora, as diversas áreas deste sistema complexo são geridas conforme a limitação da sobrecarga. “A superlotação traz consigo uma série de desdobramentos, onerando o sistema hidráulico, o de energia e o fornecimento da alimentação”, resume o major.


Notícia Publicada no jornal “Diário de Cuiabá”
Link: http://www.diariodecuiaba.com.br/



Matérias selecionadas por Cristiane Condé, colaboradora deste blog.

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