sábado, 27 de dezembro de 2008

NORTE MADRUGADOR (XXXIV)

AMAZÔNIA

A necessidade da prática


Há exatamente 20 anos tombava a maior liderança da Amazônia brasileira em toda a história. Chico Mendes foi assassinado por contrariar interesses de pecuaristas e fazendeiros do Acre, ao defender a tese de que a floresta amazônica tem que ter mais valor em pé do que derrubada. O legado de Chico Mendes influencia autoridades e formadores de opinião em várias partes do mundo, mesmo duas décadas após sua morte. O conceito abraçado pelos seringueiros nunca foi utilizado como uma bandeira partidária, mas sim como uma filosofia de vida, um modelo econômico que visava o desenvolvimento sustentável, extraindo o potencial da região mantendo, ao mesmo tempo, sua conservação.
Mas é necessário sair do campo filosófico – das idéias – para a prática. A sociedade não aceita que áreas gigantescas da floresta amazônica desapareçam todos os anos por falta de pulso dos governos. O desmatamento ilegal deve ser combatido e seus autores punidos com rigor, assim como o garimpo ou qualquer outra atividade que resulte em degradação do meio ambiente. Os povos da floresta – caboclos e índios – estão esquecidos diante da ausência do Estado na região. Abandono este que só estimula a impunidade e, como conseqüência, ações predatórias, além de deixar os habitantes sujeitos às investidas dos narcotraficantes. Virou rotina nos anos, o envolvimento de índios no transporte de grandes quantidades de cocaína. Só nos últimos dois meses, três indígenas foram presos com quase uma tonelada da droga em apenas duas operações da Polícia Federal.
Grandes áreas da Amazônia, muitas delas griladas da União, continuam sendo compradas por estrangeiros, sem qualquer reação mais dura do governo.
Colocar o discurso lançado por Chico Mendes em prática é um desafio de todos, principalmente das autoridades que têm o poder de aplicar a justiça e o dever de agir para preservar a Amazônia e melhorar a qualidade de vida dos povos que habitam na região.

Notícia Publicada no jornal “Amazonas Em Tempo”, de Manaus - AM
http://www.emtempo.com.br/

EDUCAÇÃO

Quase 70% dos cursos com notas baixas no Enade oferecem bolsas do ProUni


De um total de 96 cursos superiores de instituições particulares que obtiveram nota um - a mais baixa possível no último Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) -, 67% deles estão credenciados pelo Ministério da Educação (MEC) para oferecerem bolsas de estudo a alunos de baixa renda no Programa Universidade para Todos (ProUni). É o que aponta um levantamento feito pela Agência Brasil. Da lista dos 127 cursos com nota um, foram excluídas 31 universidades públicas que, por sua natureza, não fazem parte do programa.Segundo o MEC, o problema acontece porque, de acordo com a lei do ProUni, a instituição só pode ser descredenciada após dois resultados ruins no Enade. Mas, como cada área é avaliada de três em três anos, há a possibilidade de os cursos mal avaliados receberem alunos pelo ProUni durante esse período.
Como o ciclo [avaliativo] foi iniciado com uma portaria em fevereiro de 2007, ele precisa se completar. Essa exigência de qualidade na educação superior ainda está passando por uma transição, mas com um ou dois anos estará sendo aplicada de maneira irreversível. “Por enquanto, nós trabalhamos nos limites do marco estabelecido pelo Poder Legislativo”, afirmou a secretária de Ensino Superior do ministério, Maria Paula Dallari Bucci.
Para o professor da Universidade de São Paulo (USP) Romualdo Oliveira, especialista em ensino superior, a lei que regula o programa é falha, por não apresentar nenhuma exigência de desempenho mínimo dos cursos credenciados. Em troca da oferta de bolsas integrais e parciais, as instituições privadas de ensino recebem incentivos fiscais por parte do governo. Romualdo defendeu que o acesso a cursos de má qualidade, por meio do ProUni, pode prejudicar o futuro dos bolsistas.
Desde a criação do ProUni, em 2005, já foram distribuídas mais de 430 mil bolsas. Para concorrer, o aluno precisa ter cursado todo o ensino médio em escola pública. As bolsas parciais, que custeiam 50% do valor da mensalidade, podem ser pleitadas por estudantes cuja renda per capita familiar é de até três salários mínimos. Já as bolsas integrais são restritas a alunos com renda familiar de até um salário mínimo e meio por pessoa.

Notícia Publicada no jornal “O Guaporé”, de Porto Velho - RO
http://www.oguapore.com/

Matérias selecionadas por Andressa Anjos, colaboradora deste Blog.

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