terça-feira, 28 de outubro de 2008

NORTE MADRUGADOR (V)


Os textos foram selecionados por Andressa Anjos, colabora do blog.

Acre tem a carne mais barata do país

O presidente da Federação da Agricultura do Estado do Acre (Faeac), Assuero Doca Veronez, disse que a carne bovina acreana é a mais barata do país, levando-se em conta as peculiaridades locais e o fato de que o Estado produz com quantidade e qualidade em pastos sem a utilização de tecnologias caras, confinamentos de animais ou consumo de rações à base de grãos.
Segundo ele, o Acre tem atualmente um rebanho de 2,6 milhões de cabeças de gado, sendo esse o único produto da área rural que se destaca na exportação em quantidade e qualidade.

Veronez lembra ainda que 70% da carne produzida no Acre são exportadas para Estados como Manaus e São Paulo, sendo que esse último serve de distribuidor para outros centros como o Rio de Janeiro e Paraná. O Selo de Qualidade credencia a exportação desse produto para cidades que ficam a mais de três mil quilômetros de distância. “O fato de o boi acreano comer somente capim lhe garante uma qualidade maior assim como um sabor diferenciado em relação ao animal confinado e alimentado à base de grãos e ração, entre outras tecnologias”, enfatiza.

Ainda de acordo com ele, o acreano é um consumidor de carne no mesmo nível do gaúcho e que a partir do mês de janeiro, com a intensificação das chuvas, os pastos melhoram, a produção aumenta e conseqüentemente o preço deverá cair ainda mais.
A afirmação de Assuero Veronez é contestada pelo açougueiro, Francisco da Silva Feitosa, proprietário de um dos boxes do Mercado Municipal Elias Mansour. Ele garante que nos últimos tempos a carne vem aumentando de preço pelo menos duas vezes na semana. “Os aumentos são de 10 e 15 centavos, mas a população observa e reclama bastante”, ressalta.

Francisco diz que há alguns meses comercializava até dois bois por dia e hoje vende um ou metade de um. “O custo subiu ainda mais depois que o Acre passou a exportar o produto para outros Estados do país”, reclama. No Box de Francisco a carne de primeira como a alcatra custa R$ 10, o filé custa R$ 15 e a bisteca, R$ 7. “A carne de segunda, moída, custa R$ 7 e costela R$ 4.”

Matéria publicada no jornal Página 20, do Acre

Link: http://www.pagina20.com.br/

O enterro está pela hora da morte

Está cada vez mais difícil ter onde cair morto, pois o preço do jazigo, caixão e taxas encarecem o serviço funerário

A falta de espaço nos cemitérios públicos da cidade já não é novidade para ninguém. O que poucos sabem é que atualmente para enterrar um ente querido no município, uma família deve desembolsar pelo menos R$ 1,4 mil para aquisição de um jazigo no cemitério Morada da Paz, único campo-santo que ainda tem vagas na capital acreana.

Apesar de o valor parecer alto, o proprietário do empreendimento, Neyldo Assis, afirma que o preço cobrado pelo jazigo está entre os mais baratos do país. Ele revela que em capitais como Natal, a quantia paga pelo serviço custa algo em torno de R$ 5,8 mil. “Em Recife, por exemplo, o jazigo é comercializado por 8,5 mil. Ou seja, aqui temos disparadamente o preço mais em conta do Brasil”, destaca Neyldo.

Ele explica que o Morada da Paz mantém um contrato de concessão com a prefeitura de Rio Branco para beneficiar famílias de baixo poder aquisitivo. Indivíduos carentes e indigentes são enterrados no cemitério sem que suas famílias tenham que desembolsar nenhuma quantia em dinheiro. O convênio tem validade de 20 anos, sendo que 15% do cemitério é destinado à área pública.

O artigo 4º da lei nº 1.428 de 6 de julho de 2001, assegura que as famílias carentes têm o direito a alguns serviços funerários gratuitos por parte das empresas concessionárias, mediante requisição da Secretaria Municipal de Assistência Social. “Em 20% dos falecimentos em Rio Branco, se essas pessoas se encaixarem no perfil entre carente ou indigente, todo o serviço funerário é realizado sem ônus para a família e município”, ressalta Assis.

O empresário argumenta, ainda, que não dá para comparar os serviços oferecidos por um cemitério particular e um público. “Temos uma ótima qualidade de serviços, empregamos 40 pessoas diretamente, pagamos IPTU, arcamos com a limpeza do local, água e vários outros serviços. Isto é, precisamos de recursos para a manutenção de tudo isso”, comenta.

As famílias que adquirem um jazigo no valor de R$ 1,4 mil devem colaborar mensalmente com R$ 15,44 para a manutenção da catacumba. Se preferir pagar o preço anual, o cliente ganha um desconto e contribui somente com o valor referente a dez mensalidades. “Nós comercializamos esses jazigos para serem pagos em até 12 vezes. No caso de uso imediato, o cliente pode oferecer uma quantidade de entrada e parcelar o restante em oito vezes”, frisa Assis.


Caixões a partir de R$ 450

A equipe de reportagem do jornal Página 20 consultou algumas funerárias da cidade para saber o valor mínimo que é cobrado por um simples caixão. Foi constatado que um ataúde para adulto está avaliado em pelo menos R$ 450. O caixão infantil varia entre R$ 250 a R$ 700.
Porém, se preferir contratar todo o serviço funerário, onde pode estar incluído a realização do velório, missa, flores, disponibilização de café e bebedouro de água, esse preço pode causar um aumento significativo no orçamento de gastos da família.

Não há vagas nos cemitérios públicos

A chefe da Divisão dos Cemitérios de Rio Branco, Luzenira Oliveira, confirma a falta de vagas nos cemitérios da cidade. Ela, que é responsável pela administração do cemitério São João Batista (o mais antigo da cidade), conta que desde que chegou ao local, em 2005, não há mais espaço para sepultamentos. “Só quem já possui lote aqui, isto é, tem algum parente enterrado, é que tem direito de enterrar seus entes queridos. Do contrário, não tem jeito”, admite Luzenira.

Ela informa que o cemitério possui uma área de 10 hectares, onde pelo menos 30 mil pessoas já foram sepultadas desde sua fundação, em 1909. “Atualmente o São João Batista é dividido em 13 quadras, sendo que em cada uma dessas centenas de lotes”, lembra.

Fundado em julho de 1986, o cemitério Jardim da Saudade, no bairro Tancredo Neves, também sofre com a superlotação. O cemitério está situado em uma área de 150 metros quadrados e há mais de dez anos não há nenhum lote para que realização de novos sepultamentos. Somente quem já possui lotes no local pode enterrar seus entes queridos no terreno. “Ate outubro de 2007 já haviam sido sepultados aqui 16.273 mil corpos. Só de adultos são 14 mil lotes”, ressalta Raildo Pereira, administrador do Jardim da Saudade.
Matéria publicada no jornal Página 20, do Acre

Link: http://www.pagina20.com.br/

Nenhum comentário: