sábado, 18 de outubro de 2008

CENTRO-OESTE MADRUGADOR (II)

Viaduto da Rodovia BR-232 na Serra das Russas, região Agreste de Pernambuco


PESQUISA

Se o asfalto da BR-232 usasse borracha de pneu?

A polêmica sobre a durabilidade da BR-232 seria evitada, se à época de duplicação da rodovia central de Pernambuco as pesquisas da Universidade de Brasília fossem de conhecimento da engenharia nacional. É o que deduzimos do texto enviado pela estudante de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, Cristiane Condé, ao fazer o Centro-Oeste Madrugador para este blog.

O mau estado das rodovias brasileiras, que só na Operação Tapa-Buracos levou o governo a gastar R$ 400 milhões com recuperação, pode ser atenuado com uma medida eficiente que ganha adeptos a cada dia: o uso de asfalto modificado com borracha de pneu.

Uma pesquisa realizada na Universidade de Brasília (UnB) mostrou que esse tipo de cobertura é 16 vezes mais resistente que a usada atualmente. Enquanto um revestimento asfáltico comum suporta 6 mil situações que reproduzem a passagem de um caminhão no limite de peso, a mistura dessa matéria-prima com borracha agüenta 100 mil simulações até que o pavimento sofra uma ruptura.

O engenheiro Luiz Guilherme Rodrigues de Mello, autor da tese de doutorado sobre o tema, defendida no Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (ENC), explica que as diferenças estão na capacidade dos dois materiais em se deformar e retornar ao estado em que se encontravam. “A borracha dá mais elasticidade. Por isso, demora mais a entrar em processo de fadiga”, explica.

SEGURANÇA - Para quem está acostumado a transitar em pistas recapeadas freqüentemente, parece difícil acreditar que uma medida tão simples cause um impacto tão grande. Mas a vantagem existe e não é a única. Mello enumera pelo menos mais quatro benefícios. Além de demorar mais tempo para criar trincas e buracos, esse tipo de pavimento também leva mais tempo para se deformar com afundamentos, comuns em faixas onde passam ônibus.

O asfalto especial, que pode receber até 20% de borracha, também reduz o acúmulo de água após uma chuva, evitando aquaplanagem e acidentes. Isso ocorre porque a borracha possibilita gerar misturas asfálticas com mais poros. A água entra por esses minúsculos espaços e pode ser carreada para uma saída lateral nas pistas.

Vale ressaltar, ainda, um benefício indireto, uma vez que o emprego do produto ajuda a criar uma destinação para pneus que não podem mais ser reutilizados. Ou seja, é ambientalmente correto.

CUSTO – Como toda nova tecnologia, o asfalto com borracha sai mais caro que seu concorrente. Em média, 40%. Considerando apenas a execução do serviço do revestimento asfáltico, um quilômetro fica na faixa dos R$ 130 mil, contra cerca de R$ 90 mil de um pavimento tradicional.

O texto é de FabianaVasconcelos, da Secretaria de Comunicação da UnB.

Link: http://www.secom.unb.br/bcopauta/transportes10.htm

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