
PETROLINA E JUAZEIRO ISOLADAS POR UMA PONTE
Há cinco dias, postamos o texto “Uma ponte no meio do caminho”, um alerta para as conseqüências econômicas e sociais nas cidades que perderão o tráfego de caminhoneiros e turistas por conta da redução da distância entre Fortaleza e Feira de Santana. Essas duas cidades representam os pontos extremos entre os que veículos que se dirigem tanto para a parte Norte do Nordeste e a área nordestina mais ao Sul.
Hoje, a Folha de Pernambuco, em matéria assinada pelo repórter Ricardo Perrier, aborda a polêmica da Ponte do Ibó: “A demora na conclusão de obras de infra-estrutura nos arredores da ponte sobre o Rio São Francisco, responsável pela ligação entre povoados que dividem Pernambuco e Bahia, cria uma cena inusitada. A ponte no município de Ibó ficou pronta em janeiro deste ano e foi liberada no início de março, mas os motoristas não podem fazer a travessia porque ela foi interditada pelos próprios moradores da região, como uma forma de pressão para que as melhorias no seu entorno possam ser terminadas”.
Os textos – o principal e os dois vinculados – passam ao largo da questão do previsível isolamento da pernambucana Petrolina e da baiana Juazeiro. Apenas na matéria vinculada “Usar a balsa pesa no bolso”, há uma referência no último parágrafo ao isolamento das duas cidades: “LIBERAÇÃO - Quando a ponte for liberada cerca de 80% dos veículos que hoje seguem por Petrolina deverão passar pelos povoados de Ibó, conforme a PRF”.

AS BALSAS REMANDO CONTRA A MARÉ
O fim das balsas entre as margens do São Francisco gera, realmente, um problema social, pois são entre 1.000 e 1.500 veículos por dia. Um problema vivenciado por outras cidades ribeirinhas sanfranciscas, como Penedo (AL), Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Quem utilizava até a década de 70 a atual rodovia BR-101, só atravessava o São Francisco em balsas que ancoravam na alagoana Penedo. Do lado de Sergipe, porém longe da margem do rio, estava Neópolis. Agora, a ponte une Porto Real do Colégio (AL) e Propriá (SE).Mais a Oeste, na divisa entre Pernambuco e Bahia, a situação não era diferente. A balsa era o modo de transporte para cruzar o Velho Chico. Por conta disso, Petrolina, à época uma vila em relação a Juazeiro, chamava-se Passagem de Juazeiro. Com a construção da ponte Presidente Dutra entre as duas cidades e a posterior pavimentação da rodovia ligando a capital pernambucana ao Sertão do São Francisco e o asfaltamento da estrada até Fortaleza, Juazeiro e Petrolina ganharam status, o que não teriam conseguido se ainda dependessem das balsas.
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