sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

CADÊ O CARNAVAL DE CARUARU?



Caruaru do Passado
Azulão
Composição: Francisco Lima




Caruaru,do meu Bom Jesus do Monte

Pra quem vive tão distante por conta do destino

Ai Caruaru,do meu tempo de menino


Ainda me lembro das festanças da Matriz

Das noitadas de retreta e do velho chafariz

Dos roletes de cana-caiana, cocada de coco, amendoim

Da burrica das bolas de couro

Dos banhos de açude que não saem de mim


Da rua Pedro Balavo,Lagoa da Porta e o Vassoural

Das noites de são joão,quadrilhas, natal e carnaval

Caruaru,das serestas e das canções da rua 10 de novembro

e de tantas tradições



CARNAVAL

O jornalista José Torres, um defensor das tradições caruaruenses, postou em seu blog um texto sobre o carnaval de Caruaru. Um retorno à infância, à juventude e à idade madura na Capital do Agreste.

Uma Caruaru do tempo de menino de Torres e do poeta Azulão. Uma Caruaru de festas juninas tradicionais, sem as drilhas, nem o forró eletrônico. Uma Caruaru de mestre Vitalino. Uma Caruaru sem a feira da Sulanca, nem as quinquilharias do Paraguai.

Estamos em plena semana carnavalesca e isso me faz lembrar dos bons carnavais que Caruaru promoveu no passado.
Ao contrário dos dias atuais em que boa parte da população se desloca para as praias deixando um enorme vazio na cidade que serviu de berço aos irmãos Condé.

Quem duvidar que a terra do Mestre Vitalino tenha realizado um bom tríduo momesco, é só consultar o banco de dados da FAFICA-Faculdade de Filosofia de Caruaru, onde por certo encontrará o acervo do fotógrafo e cineasta Paulo Santos que nos anos 50 e 60 do século passado filmou vários carnavais caruaruense, mostrando toda a pujança dos foliões daquela terra.

Lembrar dos carnavais de Caruaru do passado, é lembrar das figuras de João Cotó, Chico Porto, Alcides Teixeira com suas "teixeiretes", "Zé de Nei" e suas meninas partindo do bairro do Salgado e do múltiplo homem que foi a figura lendária chamada "Cacho de Côco" a frente do inimitável Bloco Sou Eu Teu Amor.
Quando falo em múltiplo homem é para lembrar que "Cacho de Côco, foi jogador e treinador de futebol, além de carnavalesco e velocista em corridas de pedestrianismo. Dizem até que ganhou uma disputa com um trem "Maria Fumaça" entre a cidades de Caruaru e São Caetano.

Além do bloco, "Cacho" organizava bailes de carnaval, onde as dançarinas eram suas pastoras e por isso mesmo ficava fiscalizando para que o ambiente fosse respeitado, impedindo que alguém mais saliente avançasse o sinal na brincadeira.

Lembrar dos carnavais de Caruaru, é lembrar de "Cambinda Nova" descendo do Alto do Vassoural, papangus, la ursas, boi tira-teima, também chamado de "boi de Bandeira" por causa do sobrenome do brincante.

As escolas de samba Palmeiras com Lula à sua frente, 13 de Maio e Unidos da Vila, esta tendo como comandante João das Neves.Como esquecer o show de Zezinho da "requinta", primeiro no Clube Motoristas em Folia e depois no Clube Vassourinhas. Os ranchos da Rua da Matriz e Bairro Novo, numa eterna disputa em beleza, coreografia, carros alegóricos que rivalizavam com os dos clubes "Leão" e "Camelo" da cidade da Vitória de Santo Antão.

"Motoristas" com o professor José Elias e Chico Nunes, "Vassourinhas" com José Cavalcante e Chico Porto, além de Sapateiros com Antônio Barros. Três clubes da chamada massa popular a incendiar o quartel geral do frevo na Av. Rio Branco e Praça Dep. Henrique Pinto, ambas ainda hoje chamadas de "Rua da Matriz".

Como olvidar uma massa humana se comprimindo ao longo da avenida e transformando a escadaria da Matriz de Nossa Senhora das Dores numa verdadeira arquibancada para assistir aos desfile das agremiações carnavalescas?

Não dá para esquecer. Se lamenta, isso sim, a morte do carnaval de Caruaru que está sendo suplantada por Bezerros, Pesqueira, Triunfo e até mesmo por Chã de Alegria com o famoso "Banho de Cheiro" onde cerca de 30 mil pessoas brinca por dia e a nossa cidade, parada no tempo e no espaço. Vida que segue.José Tôrres - Chã de Alegria, 09hs:45min.


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