O Ministério do Desenvolvimento Agrário discutirá, durante uma semana (entre segunda e sexta próximas), em Petrolina, “as estratégias para diminuir a pobreza no semi-árido nordestino”, com a participação de “dirigentes e técnicos de órgãos públicos e de ONGs dos nove Estados e de Minas Gerais. Só está faltando o Espírito Santo, considerado, ainda no reinado de FHC, com parte de seu território enquadrado como área pobre e, portanto, mais adequada ao Nordeste.
Apesar de haver no site da Embrapa Semi-Árido um pôster com a programação do encontro, denominado de “Pobreza Rural: Desafios e Perspectivas para a Agricultura Familiar no Semi-Árido Brasileiro”, contendo inclusive a programação, o boletim Notícias Agrárias, editado pelo Núcleo de Estudos Agrários e Desenvolvimento Rural (NEAD) e enviado semanalmente à Imprensa, não faz quaisquer referências nas últimas sete edições (entre 1º de outubro e 18 de novembro) ao seminário em Petrolina.
Até aí, tudo bem, o assunto pode ser à moda “eu não sabia, eu não ouvi, eu não vi”. Mas há um “se” na história. Se não fosse o contexto, se não fosse o momento, três perguntas não podem calar. É muita coincidência para juntar fatos aparentemente isolados.
1) Por que esse encontro acontecerá às vésperas da reunião regional da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a se realizar entre 27 e 30 nos campi da Universidade Federal do Vale do São Francisco de Petrolina e Juazeiro?
2) Será que o MDA, com propostas idênticas às da SBPC , as de levar a ciência ao homem comum, levar idéias simples que possam de fato serem aplicadas no dia-a-dia, vai tratar a questão da transposição do São Francisco, ainda colocada sob pano morno na agenda da SBPC?
3) Por que esse encontro ficou fora da pauta da Agrishow Semi-árido, realizada em julho e promovida pela Embrapa Semi-Árido, em Petrolina, evento no qual foram contabilizados 28 mil visitantes, a maioria de pequenos produtores?
Pelas declarações do representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário José Ruy, ao Jornal do Commercio, do Recife, os órgãos públicos, ou melhor dizendo as entidades de apoio explícito ao Governo Federal, vão debater “a ampliação do acesso dos pequenos agricultores da região às políticas públicas de desenvolvimento econômico e social, como crédito rural e seguro da agricultura familiar”.
A meta é a definição de “uma agenda de ações integradas com participação de organizações de assistência técnica e extensão rural, além de agentes financeiros, para melhorar o padrão de vida no semi-árido”. O estranho é que somente agora, no quinto ano do Governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o MDA busque, num seminário, “alternativas para promover o desenvolvimento sustentável da agricultura na região”.
E aí, José Ruy, o do MDA, sai com essa pérola: “A falta de atuação conjunta do poder público e das ONGs no semi-árido limita o alcance dos benefícios das políticas públicas”. Ele não está sozinho nesse atual, para não dizer nunca resolvido, dilema.
O chefe de Negócios da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Gherman Garcia (GG), defende ponto de vista semelhante em declarações ao JC, do Recife: “uma área como o semi-árido, com mais de um milhão de quilômetros quadrados, precisa de um planejamento estratégico para ampliar a eficácia da atuação das instituições públicas”.
sábado, 17 de novembro de 2007
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