A mangaba é uma fruta rara....em Pernambuco. Está desaparecendo também nos tabuleiros costeiros do Rio Grande do Norte. Ela perdeu terreno para culturas com retorno maior e mais imediato: cana-de-açúcar e criação de camarão.
Resiste na Bahia e em Sergipe. Em terras baianas, até se compreende a manutenção das mangabeiras: a extensão do território. Em Sergipe, não. E há uma explicação para o espanto: como o Estado é o menor da federação, com apenas 21.994 Km2, correspondendo a 1,42% da região Nordeste e 0,26% do Brasil, ainda tem um terreno semelhante a uma tábua de pirulito, toda cheio de perfurações de poços de petróleo.
A conclusão óbvia é que os sergipanos, um dos maiores produtores de laranja e maracujá do Nordeste, têm a terra como produtora de alimentos. Essa determinação pode ser medida pelo número de pessoas que se dedicam à colheita da mangaba. Estimativas dos técnicos agrícolas apontam para três mil catadores de mangaba.
O cultivo é tão importante para o Estado que a Embrapa Tabuleiros Costeiros realizou o I Encontro das Catadoras de Mangaba de Sergipe. Esse encontro faz parte de um processo de conscientização dos agricultores para preservação da cultura. É uma forma de evitar o que aconteceu em Pernambuco, onde 90% das áreas originais de mangaba foram dizimadas. Caminho idêntico está sendo seguido na Paraíba e em Alagoas.
O mais grave disso tudo é que, pelo jeito, de nada adiantaram as pesquisas do IPA sobre o cultivo da mangabeira, inclusive com trabalhos sobre reprodução da planta. Lembro-me das vezes em que fui conversar com técnicos do IPA, quer como repórter e colunista, quer como assessor de Imprensa da Secretaria de Agricultura, sobre os trabalhos de preservação das mangabeiras.
Pelo jeito, as pesquisas viraram suco. Apesar do escorregão na mangaba, ela ainda agita multidões no momento em que a banda Chiclete com Banana, ao cantar “Que gata é essa?", chega no verso: “Cabelo cheira a mangaba/Gosto todinho de goiabada/Como se fosse salada/Mexe com meu coração”.
Fotos: Clube da Semente do Brasil
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