quarta-feira, 21 de novembro de 2007

CARLOS PENA FILHO: UM POETA CELESTIALMENTE AZUL

O BlogMadrugador falhou, ao não cumprir o prometido: divulgar, a cada semana, um poema de um escritor pernambucano. Agora, quatorze dias depois, volta com Carlos Pena Filho com o famoso “Soneto ao Desmantelo Azul”.

Carlos Pena Filho, um recifense com sentimento do mundo, captou o inconsciente coletivo da capital, ao traçar, no Guia Prático da Cidade do Recife, um retrato da alma dos seus habitantes.

Os poemas de Carlos Pena Filho são todos azuis, celestiais. Não há outra adjetivação. Carlos Pena Filho descobriu que a Terra era azul antes de Yuri Gagarin.


DESMANTELO AZUL

Então pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas
depois vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas

Para extinguir de nós o azul ausente
e aprisionar o azul nas coisas gratas
Enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas

E afogados em nós nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço

E perdidos no azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul: azul.


Carlos Pena Filho nasceu no Recife, no dia 17 de maio de 1929, e morreu no Recife, em 1 de julho de 1960. Publicou O Tempo da Busca, em 1952; c Memórias do Boi Serapião, com ilustrações de Aloísio Magalhães, edição Gráfico Amador, Recife, 1956; A Vertigem Liicida, edição da Secretaria de Educação e Cultura de Pernambuco, 1958 e Livro Geral, edição da Livraria São José, 1959.

Maysa, a musa da bossa nova, gravou a canção “A mesma rosa amarela”, de sua autoria em parceria com o grande Capiba. Faleceu vítima de um terrível acidente automobilístico.

Veja mais sobre Carlos Pena Filho no endereço

http://www2.uol.com.br/JC/_1999/2809/cc2809a.htm

Nenhum comentário: