quarta-feira, 24 de outubro de 2007

A POESIA DO TRABALHO

Feira da Sulanca

José Augusto Maia


Acorda, Zé! São três horas da manhã.
Pega o saco, amarra a boca
e cai no mundo pra vender.
Vai no outro quarto
e avisa pras meninas
que o patrão lá da esquina
tem serão pra elas fazer.

Desce a cidade no rugido da carroça,
gente da rua e da roça,
todo mundo vai vencer.
Lá na cidade até parece um formigueiro,
já tem tanto sulanqueiro,
esperando o comprador.

Um vende e compra,
outro vende, outro se arranca.
Todos têm a esperança
que um dia chegam lá.

O movimento se transforma em fatura,
dando cores à costura,
e pra longe vão levar.
Esta cidade já viveu de outra cultura,
mas nunca teve fartura,
o jeito mesmo foi mudar.

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