CANA-DE-AÇÚCAR, ROSA E CACHAÇA

Os nazistas contribuíram, sem querer, com a introdução do fabrico de doces e licores de rosas e a elevação do nível educacional de três cidades de Pernambuco: Timbaúba, Limoeiro e Triunfo. Tudo começou em 1938, quando o III Reich determinou o afastamento das professoras religiosas das escolas primárias e o fechamento gradativo de institutos de ensino particular na Alemanha.
As religiosas, que participavam de um retiro na abadia beneditina de Beuron, receberam um convite do abade Dom Bonifácio Jansen, do Mosteiro de São Bento, em Olinda, para preencher vagas numa escola de Timbaúba, que há sete anos não dispunha de freiras para o ensino de religião.
As primeiras religiosas, convidadas por Álvaro Xavier de Morais Coutinho, prefeito de Timbaúba, estabeleceram-se no colégio “Santa Maria”. Com a chegada delas, iniciava-se o primeiro dos três desembarques de religiosas alemãs em Pernambuco: um ano depois, em Limoeiro, criaram o Regina Coeli; em Triunfo, o Stella Maris.
Mas a passagem mais marcante das freiras alemãs foi na sertaneja Triunfo, onde, além da construção do colégio, ensinaram diversos trabalhos artesanais, principalmente na confecção de guloseimas e licores.
Ainda hoje, os biscoitos de São Nicolau – guloseimas aromáticas em que um dos ingredientes é a canela – são produzidos pelas doceiras de Triunfo. Mas um produto que começa a ser o principal atrativo, com o crescimento do turismo, é o licor de rosas.
É uma cena comum: os turistas encontrarem em hotéis e lojas de produtos locais o licor de rosas fabricado em Triunfo. Agora, a bebida começa a superar a cachaça artesanal Tryumpho destilada no Engenho São Pedro. Para produzi-lo, o empresário Pedro Junior plantou 500 roseiras que são cultivadas ecologicamente, sem qualquer produto químico.
Em Triunfo, há quase 70 anos, o cultivo de flores complementa o plantio de cana-de-açúcar e a produção de aguardente.