sexta-feira, 26 de outubro de 2007

A CAATINGA VIRA FUMAÇA

Falar em devastação da caatinga é bater na mesma tecla. No pernambucano Sertão do Araripe, a cobertura vegetal vira fumaça no processo de calcinação, necessário à transformação da gipsita em gesso. A situação é tão grave que o pesquisador Joadson de Souza Santos, em trabalho para o mestrado do Instituto Tecnológico de Pernambuco constatou que entre 1973 e 2001 houve uma redução de 82,81% na área de influência do pólo gesseiro.

Esse processo é antigo. Ele se agravou com o crescimento populacional no semi-árido e na implantação de indústrias absorvedoras de lenha para transformação da matéria-prima, como são os casos das calcinadoras de gesso e da usina de açúcar – atualmente fechada – implantada no Cariri cearense.

A destruição da caatinga, das matas e dos brejos de altitude levou o Padre Cícero Romão Batista a distribuir, nos primeiros anos do século passado, uma cartilha para orientar seus fiéis nos cuidados com o meio ambiente. Numa linguagem simples, “Padim Ciço” alertava para não derrubar “pé de pau”, não tocar fogo no roçado, nem matar os bichos.

Idêntica preocupação teve, em meados do século passado, o paraibano Celso Furtado, ao chefiar o Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento do Nordeste (GTDN), documento que estabelecia a necessidade de conter o crescimento populacional no semi-árido, região caracterizada pela fragilidade de solo e de clima. Uma das propostas consistia na transferência de população dos sertões nordestinos para o Meio-Norte, na região do Alto Turi.

Nem os ensinamentos do Padre Cícero, nem as diretrizes do GTDN foram suficientes para mudar o comportamento do sertanejo e das empresas que se instalam no semi-árido e necessitam de lenha para mover sua maquinaria. É o caso das indústrias do pólo gesseiro que, de vez em quando, anuncia um projeto-piloto com a meta de reduzir em até 30% o consumo de lenha utilizado na produção de gesso.

Já passou da hora de uma atitude firme para tentar minimizar a destruição da caatinga. Não é possível assistir impassível à degradação do meio-ambiente. O engraçado, se isso pode ser chamado de engraçado, é que essa história se repete sempre que assume um novo Governo. É querer fazer cortina de fumaça com a lenha extraída da caatinga.

Um comentário:

Anônimo disse...

oi achei um absurdo ohhhhhhhhhhhh!!!!!!!!!a caatinga sendo destruida ohhhhh!!!!!! que absurdo apesar de nen ter lido ohhhh!!!!!!!