segunda-feira, 29 de outubro de 2007

A BAHIA JOGA PÁ DE CAL NA TRANSNORDESTINA

No começo, o caminho era Pernambuco. No meio da estrada, apareceram o Ceará e o Piauí e, agora, no que pode ser o fim de linha, surge a Bahia. Mais um ator na estória da Carochinha, cujo personagem central é a ferrovia Transnordestina.

Em texto postado no dia 9 deste mês, dizia que esse conto fantástico começou a no século XIX pelos ingleses da antiga Great Western, a estrada de ferro central de Pernambuco que chegou a ligar o Recife a Salgueiro. No começo, a estória não tinha elementos fantásticos nem objetos mágicos. Implantava-se a ferrovia ligando o Recife à alagoana Piranhas e à pernambucana Jatobá, nome de Petrolândia antes da construção da hidrelétrica de Itaparica. A estrada-de-ferro foi construída e funcionou até 1964. Aí, os militares entenderam que o transporte do futuro era o rodoviário. E mandaram arrancar os trilhos.

Essa ferrovia seria, na realidade, o embrião da Transnordestina, ao interligar os vários sertões pernambucanos com as principais capitais nordestinas. À semelhança do conto da carochinha, a Transnordestina passou a ser povoada por seres fabulosos e elementos surrealistas. Com a privatização da Rede Ferroviária Federal, sucedânea, em Pernambuco, da Great Western, a Transnordestina incorporou novos elementos sobrenaturais. A Companhia Ferroviária do Nordeste, comandada por Benjamin Steinbruch, venceu a concorrência para administrar a malha regional.

Após idas e vindas, mesmo com o trem não saindo do canto, começaram as obras entre Salgueiro e Missão Velha, município do Ceará, Estado que dispõe, a partir daí, de um trecho em operação. Em Pernambuco, precisa ser reconstruída a ferrovia entre Salgueiro e Suape e ainda se espera pelo projeto executivo entre Petrolina e Parnamirim.

Se já não bastasse a lengalenga, o então secretário-executivo substituto do Ministério da Integração e coordenador do projeto da ferrovia, Pedro Brito, agora ministro dos Portos, dizia em 25 de novembro de 2005, portanto há um ano e 11 meses, que “a nova Transnordestina vai permitir o escoamento da produção agrícola do sul do Piauí e do oeste da Bahia”.

Se isso já não fosse um pesadelo num sonho de um conto da Carochinha, surge agora o anúncio de que o Governo Federal, em parceria com o da Bahia, vai construir a Ferrovia Oeste-Leste, ligando a região dos cerrados a um porto baiano.

É a última pá de cal na Transnordestina pensada pelos pernambucanos no século XIX.

Nenhum comentário: