quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

DOUTOR EDSON MORORÓ MOURA, UM FORTE

Comecei a usar as baterias Moura antes de conhecer quem começou a fabricá-las. Deixei de comprar as marcas das fábricas estrangeiras – ainda não se disseminara o termo multinacionais – para adquirir os acumuladores produzidos no Agreste pernambucano, em Belo Jardim, distante 170 Km do Recife, interligado com o interior pela antiga BR-25, agora a 232.

Dois sentimentos me levaram a adquirir as baterias Moura: minha devoção ao Estado onde nasci e por lembrar o sobrenome da família da minha mãe Ernestina, nascida em Triunfo, a friorenta cidade da Serra da Baixa Verde, no Sertão do Pajeú.

Foi quando comprei meu primeiro carro, no começo dos anos 70. Anos depois, conheci doutor Edson – era assim que o tratava – ao participar de uma solenidade em Belo Jardim, para onde fui como editor do Interior do Diário de Pernambuco. A imagem dele me lembrava um sertanejo, ou melhor, antes de tudo, um forte. Uma pessoa simples, sem a arrogância dos que, com dinheiro e poder, passam por cima de tudo e de todos.

Doutor Edson, não. Ele era uma pessoa tão simples que, ao fazer um pleito junto ao Poder Público, se despia da importância de seu papel como empresário empreendedor para solicitar um benefício garantido por lei. Foi assim que a economista Tânia Bacelar me contou, dias depois de recebê-lo, com toda sua família, em seu gabinete na Secretaria da Fazenda para pleitear um incentivo para sua fábrica de baterias.

Ao levar mulher, filhos, genros, noras e cunhados ao gabinete de Tânia Bacelar, doutor Edson mostrava à secretária que seu patrimônio era sua família: a razão de sua vida, o motivo pelo qual ergueu uma fábrica em pleno Agreste pernambucano.

Ao passar a escrever sobre economia, Doutor Edson era uma das minhas fontes na área empresarial. Nunca se negou a atender-me. E quando eu exacerbava minhas críticas, principalmente ao Banco do Nordeste, um banco, até começo deste século, muito mais cearense que nordestino, doutor Edson mostrava que eu estava errado, pois se não fosse o BNB ele não teria expandido sua indústria.

Esse era o doutor Edson que eu aprendi a respeitar.

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