domingo, 4 de janeiro de 2009

CENTRO-OESTE MADRUGADOR (LIII)

VESTIBULAR

O dilema do peixe-boi

“Se o peixe-boi não é peixe não é boi para que preservar?”. Não se sabe se o autor da frase, um candidato do vestibular 2009 da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), possui o mínimo de espírito ambientalista em prol dos mamíferos ameaçados de extinção, mas a inabilidade para leitura e produção textual preocupou a Coordenação de Exames Vestibulares (CEV) da instituição federal. A frase, escrita desse jeito mesmo, foi selecionada como uma das “pérolas” da etapa discursiva do último processo seletivo. De acordo com o enunciado da questão, esperava-se que a frase do candidato - não identificado na amostra publicada pela CEV - comentasse sobre como uma propaganda de responsabilidade ambiental da Petrobras desvalorizava a cultura ao afirmar que uma peça de museu, no caso o retrato emoldurado de um peixe-boi, equivalia a nada (“O peixe-boi não é peixe, não é boi e, se a gente não cuidar, não vai ser mais nada. A Petrobras não deixa a natureza virar peça de museu”). Curta e grossa, esta pérola até que pode ter sido escrita de maneira jocosa por algum candidato que ignorasse completamente o que requeria o enunciado. Como diz o estudante universitário E.B., de 20 anos e mais de dois vestibulares, “se eu não sei, o negócio é avacalhar mesmo”. Porém, não são poucas as respostas escritas inadequadamente, inusitadas ou de teor absurdo (veja box). E estas não devem ser motivos de riso, por mais que o provoquem. Segundo a CEV, “a concretização da falta de maturidade [do candidato] como leitor vem sendo constatada principalmente nas respostas discursivas”, onde se revela a “falta de habilidade em ler além do que está posto, de transpor conhecimentos adquiridos em determinadas disciplinas para outras ou relacionar sua vivência ao que lê – fatores imprescindíveis para uma leitura pertinente em se tratando de alunos após 11 anos de escolaridade”. Recentemente inserido no mercado de trabalho, o professor de Literatura Odair de Morais, de 26 anos, não precisou de muito tempo na rede pública de ensino para constatar as dificuldades com a linguagem. “Os textos são simplórios e curtos. É notável a incapacidade dos alunos do Ensino Médio em articular textos convincentes. A falta de leitura e entendimento do que é verbal ou não-verbal são problemas com os quais o professor convive diariamente”, relata. Falta acesso e intimidade dos estudantes com jornais e revistas.

Professor não se diz surpreso

Por mais que a “peneira” da Coordenação de Exames Vestibulares (CEV) da UFMT retenha e divulgue amostra de exemplos tão negativos do atual ensino, a própria universidade admite, por meio de seus exames, acadêmicos de bagagem intelectual defasada. “Isso não passa de um reflexo de que a própria universidade brasileira está, a seu modo, oferecendo a acadêmicos de diversas áreas. Talvez coubesse à universidade questionar o seu ensino”, analisa o professor Roberto Boaventura, do curso de Letras da mesma instituição. Entre outros, para o professor, fatores como orçamentos insuficientes para educação e baixos salários dos docentes influem no atual “estado avançado de putrefação” da universidade brasileira. Também não ficou surpreso o professor Gilmar Soares Ferreira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep). É de longa data a constatação de que os atuais ensinos fundamental e médio não preparam o aluno para a vida acadêmica. “A faculdade vai ter de conviver com esse aluno, que terá sérias dificuldades com sua profissão”, prevê Soares. Os cursos de pós-graduação, cita o sindicalista, podem confirmar esta realidade com suas grandes parcelas de acadêmicos praticamente inaptos. Incapazes não só para a interpretação textual, mas para o raciocínio crítico. A formação cultural precária, limitada às meias-verdades da televisão, principal meio de comunicação em massa do país, esvaziam a capacidade de análise do candidato que, supõe-se, está por trás das frases não esperadas pela CEV. “Nem todo aluno hoje é estudante. Eles não têm mais desejo de saber. Porém, mudar esta realidade talvez seja nosso grande desafio ante os atuais resultados”, reflete.


Notícia Publicada no jornal “Diário de Cuiabá”
Link: http://www.diariodecuiaba.com.br/


CONSTRUÇÃO CIVIL

Setor cresce em 2008

Apesar da crise financeira mundial e da desaceleração dos investimentos no último trimestre de 2008, o setor da construção civil na Grande Cuiabá ainda encerrou o ano com crescimento de 20% em relação a 2007. No Estado, este incremento ficou entre 10% e 15%, por conta do bom desempenho do agronegócio este ano. “A verdade é que o bom de investimentos nos últimos dois anos estava fora da nossa realidade. O crescimento estava bem acima da média e provavelmente não seria sustentado até por falta de matéria-prima e mão-de-obra, como já vinha ocorrendo. Acho que no ritmo atual o setor cresce com mais segurança e se sustenta”, avalia o presidente do Sinduscon, Luiz Carlos Richter Fernandes. Ele diz que a crise de crédito ainda não chegou ao setor, mas deu um start aos investidores. Por isso eles preferiram manter a cautela também por causa da escassez de materiais básicos da construção como cimento, ferro e aço, além de mão-de-obra. Segundo Richter Fernandes, apesar da crise mundial o segmento mantém o otimismo para este ano. “A estabilidade econômica e a política do governo nos dão esta tranqüilidade e tudo indica que continuaremos crescendo”. De acordo com o presidente do Sinduscon, as expectativas são muito boas e a previsão de crescimento do setor para Cuiabá em 2009 é de 10%. Um bom índice, segundo ele, levando-se em conta que o aumento do PIB (Produto Interno Bruto) do país ficou na casa de 5% e, em Cuiabá, 7%. Em relação ao índice de empregos, Richter revela que o crescimento em 2008 “foi muito bom”, possibilitando a geração de novos postos de trabalho. Esse desempenho, segundo ele, deve se manter em 2009. Segundo o professor de Economia da Universidade Federal de Mato Grosso, Manuel Martha em relação à Grande Cuiabá, ele destaca que a cidade está crescendo e há uma valorização no setor. "Comprar imóveis em Cuiabá é um bom negócio, sempre acreditei nisso. Conheço a cidade há mais de 30 anos".


Notícia Publicada no jornal “Diário de Cuiabá”
Link: http://www.diariodecuiaba.com.br/


INVESTIMENTO

Brasília abre as portas para o turismo

A Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo apostou na realização de grandes eventos para o crescimento do fluxo turístico na cidade. O primeiro foi o aniversário de 48 anos de Brasília, 1,2 milhão de pessoas circularam pela Esplanada dos Ministérios. A rede hoteleira registrou ocupação de 85%. O segundo evento foi a comemoração do Dia do Trabalhador. Cerca de três mil pessoas assistiram a shows e peças de teatro no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Além disso, a população do Distrito Federal definiu, por meio de uma votação, as suas Sete Maravilhas, o que deverá atrair novos investimentos para revitalização e divulgação, tanto por parte do governo local, quanto federal. Um bom exemplo foi o convênio firmado entre a Petrobras e o GDF para a restauração completa da Catedral Metropolitana. Ao todo, a obra consumirá R$ 25 milhões, sendo R$ 18 milhões da estatal petrolífera e o restante do GDF. Brasília ganhou um voo internacional em 2008 direto para Buenos Aires pela TAM. Para 2009, a perspectiva é de abertura de outras duas pontes aéreas, uma para os EUA e outro para o Panamá. O presidente do Sindicato dos Bares e Restaurantes (Sindhobar), Clayton Machado, afirma que o turismo de negócios também movimentou a capital federal em 2008. Nos últimos anos, a cidade vem conquistando a preferência de vários segmentos da política e da economia para importantes encontros pela concentração de hotéis próximos aos custos de convenções e pelo trânsito mais tranqüilo que o de outras capitais. Para Machado, os eventos organizados pelo Brasília Convention Bureaux e Empresa Brasiliense de Turismo (BrasiliaTur) contribuíram para o aumento do setor. Só a arrecadação do Centro de Convenções Ulysses Guimarães saltou de R$ 2,22 milhões em 2007 para R$ 7 milhões no ano passado. “Para este ano, a expectativa é muito boa”, completa o presidente do Sindhobar.


Notícia Publicada no jornal “Jornal Coletivo”
Link: http://www.jornalcoletivo.com.br/



Matérias selecionadas por Cristiane Condé, colaboradora deste blog.

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