sexta-feira, 26 de outubro de 2007

TRANSPORTAR DOENTES DÁ VISIBILIDADE

É comum encontrar pelas ruas do Recife, logo após o amanhecer, entre cinco e seis horas da manhã, ônibus, vans, ambulâncias e até, pasmem, veículos destinados ao transporte escolar conduzindo pessoas que necessitam de cuidados médicos e hospitalares.

O espanto maior terá ao circular pelas imediações do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco e contornar o Shopping Tacaruna, passando por baixo do Viaduto entre o Recife e Olinda. São veículos identificados, em sua maioria, pelos nomes das prefeituras, com letreiros ressaltando o slogan de cada administração.

Eles estão à espera dos pacientes que, ante a inexistência, em seus municípios, de postos de saúde, ambulatórios e hospitais, são mandados à capital do Estado, onde, depois de muita espera, recebem alguns cuidados médicos ou hospitalares.

Não se defende a construção de hospitais em pequenos municípios capazes de atender casos de maior complexidade. Isso seria uma insensatez. Mas o próprio Sistema Único de Saúde prevê no Pacto pela Saúde a regionalização solidária e cooperativa entre municípios, estados e União. A atuação em parceria deve existir também entre municípios contíguos, possibilitando, em alguns casos, oferta de serviços médicos e hospitalares de maior complexidade.

Mas as diferenças políticas e os interesses a curto prazo inviabilizam, por exemplo, a criação de consórcios intermunicipais que podem unir diversas prefeituras em diversas atividades, desde os serviços de saúde à conservação de estradas.

No entanto, a proposta, apesar de ser uma das bases do SUS, dificilmente será viabilizada, pois a compra de ônibus ou o aluguel de vans dá mais visibilidade ao prefeito, pois os veículos passam a ser outbus, levando a vários lugares a logomarca da prefeitura e o slogan do “prefeito de plantão”.

Nenhum comentário: