As dívidas de um cidadão
A maioria da população só sabe que a economia do Pais não
vai bem quando chega no dia 20 e não tem mais dinheiro para comprar alimentos,
pagar o transporte, ir a um passeio com a família. Ou compra fiado na bodega ou
recorre ao cartão de crédito. Se alguém quer provar os desacertos do governo
apelando para os desequilíbrios das contas internas e das contas externas, vai
perder tempo. Num caso desses, a saída é relacionar o economês ao dia a
dia das pessoas. Num apelo comum aos políticos populistas – os que sabem falar
com o povão -, a forma de se fazer entender é comparar os gastos em casa
(contas internas) com os fora de casa (contas externas).
As despesas em casa
(energia, água, alimentação, material de limpeza, tevê fechada, etc. devem,
pelo menos, bater com as de fora de casa (transporte, diversão, almoço com a família
no domingo, ida ao barzinho, passeio no shopping, espetinho no jogo de futebol,
cervejinha na praia, etc.). Se não empatar, vai começar a diminuir o superavit primário, ou seja,
começa a não ter dinheiro para pagar os juros da prestação atrasada, das
compras parceladas. Se não houver esse equilíbrio, o cidadão não conseguirá nem
fazer uma poupança.
Resultado: ou vende algum bem (o velho carro que só sai da
garagem no domingo) ou aumenta, a cada dia, os desequilíbrios das contas
internas e das contas externas. É isso que acontece agora com o Brasil, ao
conceder benefícios a setores e cortar impostos (o IPI, por exemplo), o governo
arrecada menos.
Resumo da história: o Governo está, na realidade, transferindo
a perda de arrecadação com os benefícios (as mais diversas bolsas) e as isenções,
ou melhor, a renúncia fiscal, (garantindo emprego na indústria, principalmente
automobilística) para quem paga imposto. Como o governo não pode elevar, a três
por quatro, os tributos, ele vai aumentando as dívidas (interna e externa), ao
gastar mais do que arrecada.
O resultado disso, a médio prazo, é inflação.